Para fazer entre a última semana de Março e a primeira quinzena de Abril
Na chegada ao FUNDÃO, a pintura rendada da artista polaca NeSpoon recebe-nos, na fachada da casa degradada.
A cidade do Fundão pertence ao distrito de Castelo Branco e está aninhada no sopé da Serra da Gardunha, com a Serra da Estrela a espreitar.
O seu maior desenvolvimento começou com os refugiados judeus expulsos de Espanha, em 1492. Mercadores e artesãos, transformaram a cidade num centro importante para a indústria e o comércio. Nos séculos XVII e XVIII, a exploração de estanho e a indústria têxtil contribuíram para a riqueza da região.
O edifício do Posto de Turismo, onde nos dão informação e mapas úteis, está na Casa dos Maias,
solar do século XVIII, com brasão de Dom Miguel Ataíde Malafaia. Fachada assimétrica, com dois portais decorados, janela e peitoril com espaldar curvo e avental e beiral duplo.
Do outro lado da rua, o edifício dos Paços do Concelho
que, em 1755, por ordem do Marquês de Pombal, sofreu obras para acolher a Real Fábrica de Lanifícios do Fundão. E no século XX foi-lhe acrescentado um novo piso para aí funcionarem repartições públicas e camarárias, bem como o Tribunal Judicial.
Em frente, o Pelourinho,
réplica realizada em 1935 com base em fotografias e desenhos do original. Em cima de um soco de 7 degraus, um fuste oitavado, plinto paralelepipédico e capitel encimado por cruz de ferro.
A cidade merece visita mais minuciosa, mas o passeio é temático e chama-se
"Cerejeiras em flor"!...
E lá fomos, para as encostas da Gardunha, para ALCONGOSTA.O nome poderá derivar de congosta, que significa caminho estreito.
Por aqui passava a via romana que ligava Alcongosta a Alpedrinha.
Ruas estreitas e casario serrano, fazem o encanto da aldeia.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Anunciação,
com pórtico de volta e meia e torre sineira, é um mimo.
E as cerejeiras em flor, nos socalcos.
Flores brancas, com leveza de seda,
Caminhos de terra batida, debruados a verde,
permitem o pormenor
e planos diferentes dos da estrada.
Não será assim, tão fácil, quando os frutos vermelhos e suculentos aparecerem!...
Neste roteiro, segue-se ALPEDRINHA,
também na encosta da Serra da Gardunha, a cerca de 556m de altitude, com muitas cerejeiras.
O casario amontoa-se, tornando difícil o enquadramento dos vários edifícios interessantes.
Os fios eléctricos cruzados, também não facilitam a procura da estética!... Apesar da visita ser às cerejeiras em flor, não podem passar despercebidos os antigos Paços do Concelho (em cantaria, de três pisos, de 1680)
e o Pelourinho,
a Igreja Matriz (com várias alterações, nomeadamente no reinado de Dom Sebastião, sobre a original do século XII),
o Solar de Pancas (ou Casa das Senhoras Mendes, construído para o farmacêutico António Mendes de Matos em 1859, pertença, hoje, da Santa Casa da Misericórdia)
e a Igreja da Misericórdia (no centro do lugar, do século XVI renovada em 1788, com um nicho na portada onde está a imagem em granito de Nossa Senhora do Socorro).
Almoçámos no "Cerejal", junto da rotunda, um óptimo cabrito assado, bem fornecido em quantidade e sabor. Gente simpática, que gosta da sua terra e agradece a visita.
Seguimos para CASTELO NOVO.
A cidadela recebe foral de Dom Sancho I em 1202 concedido a Dom Pedro Guterres, permitindo a sua desanexação da Vila da Covilhã. Em 1205, Dom Pedro Guterres e sua mulher, Ausenta Soares, doaram, em testamento, a terça parte dos seus bens em Castelo Novo à Ordem do Templo. Durante o reinado de Dom Dinis foram feitas importantes obras de beneficiação na fortificação,
com a introdução de matacães. Quando os Cavaleiros Templários começaram a ser perseguidos, Dom Dinis concedeu-lhes protecção e criou a Ordem de Cristo que recebeu a totalidade dos bens da extinta Ordem, incluindo Castelo Novo, em 1319. Abandonado quando Castela invadiu Portugal a partir da fronteira beirã, a sua degradação chegou aos nossos dias, até ser integrado no Programa de Recuperação das Aldeias Históricas de Portugal.
Na subida, o Miradouro das Alminhas,
merece uma paragem, para olhar a paisagem.
Um pouco mais acima, o Cruzeiro,
no Largo 1º de Dezembro, requalificado em 2014.
Pode estacionar aqui e almoçar no "O Lagarto", onde também já fomos bem recebidos, noutra ocasião.
O carro é para estacionar... e seguir à descoberta, pelas ruas empedradas.
Na rua da Misericórdia, belos solares, entre eles o Solar Dom Silvestre,
de estilo maneirista, do século XVII.
O Chafariz d'El Rei,
do século XIV, com o escudo de Dom Dinis, é o primeiro que encontrámos, no largo onde estacionámos.
As casas beirãs típicas encantam-nos, nomeadamente a Casa do Balcão.
A Capela Senhora da Misericórdia, do século XVII,
de influência maneirista, fica como que suspensa nas ruas íngremes.
E chega-se à Praça dos Antigos Paços do Concelho que é um museu ao ar livre.
O Pelourinho, do século XVI,
tem fuste octogonal até meio e depois cilíndrico com espirais e termina em pinha com quatro escudos, numa plataforma de seis degraus.
A Antiga Casa da Câmara
tem estruturas identificadas do século XIII e do século XVI, reconhecendo-se alguns elementos do Manuelino.
Tem, acossado, o Chafariz de Dom João V.
Bem em cima, está o Castelo, de visita livre.
Antes de voltar às cerejeiras em flor, vale a pena, seguir o caminho do cemitério, de carro, para ter uma visão geral da bela vila.
ALCAIDE,
fica no caminho para casa e é mais conhecida pelo seu festival de míscaros,
em Novembro do que pelas cerejeiras em flor.
É terra natal de João Franco, importante político
da nossa história na fase final da Monarquia
(1855-1929).
Em visita rápida, fotografámos a Igreja Matriz,
maneirista e barroca, do século XVI, construída sobre uma outra do século XIII e a sua Torre do Relógio,
separada, de 1694.
Subimos a São Macário,
capelinha modesta, onde é venerado o santo que cura 7 males de alma e 7 males do corpo. Foi erigida por um soldado que foi à guerra dos franceses e sobreviveu. Todos os anos o hábito do santo é substituído e o velho é retalhado em pequenos pedaços de cerca de 2cm, que são vendidos aos romeiros que os metem nos ouvidos, para cura de doenças e dores de cabeça...
Daqui se tem uma boa vista de Alcaide.
E, descendo já a caminho de Aveiro, a vista poisa sobre campos verdes onde as vacas, pachorrentamente, pastam.
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